terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Consultoria - O que é e para que serve?

Consultoria, de uma forma ampla, é o fornecimento de determinada prestação de serviço, em geral por profissional qualificado e conhecedor do tema. O serviço de consultoria oferecido ao cliente, acontece por meio de diagnósticos e processos e tem o propósito de levantar as necessidades do cliente, identificar soluções e recomendar ações. De posse dessas informações, o consultor desenvolve, implanta e viabiliza o projeto de acordo com a necessidade específica de cada cliente.
     Fazendo uma comparação bastante simples, um consultor é como um “médico”. Quem quer prevenir doenças e garantir uma vida saudável costuma procurar um médico. Quem fica doente geralmente ainda mais rápido um médico. E quem quer evitar ou já tem problemas, procura um consultor. 
     Não necessariamente o consultor atende somente as empresas, pessoas quem tem problemas, por exemplo, financeiros, pode procurar um consultor financeiro. Controlar suas próprias finanças não é coisa muito simples, porque a maioria das pessoas não tem autodisciplina para controlar e planejar suas próprias finanças, isso também acontece muito nas pequenas e médias empresas.
     Um consultor o ajudará na organização e na tomada de decisões, na vida pessoal e empresarial.

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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A Morte e a Elaboração do Luto na Visão de Alguns Autores

Resumo: A vida e a morte coexistem no espaço do corpo desde o nascimento. Não obstante, esta constatação morte e morrer são palavras que as pessoas costumam evitar dizer e duas questões sobre as quais a maioria de nós procura não pensar. Este estudo teve como objetivo geral investigar na literatura as várias leituras de morte através de uma análise conformativa e mais especificadamente abordar os principais aspectos que facilitam e dificultam a elaboração do luto. Problematiza a necessidade de um aprofundamento sobre o tema e os inúmeros questionamentos sobre os meios de minimizar a angústia e o medo que envolvem o homem diante da morte, da infância à velhice, abordando os aspectos psicológicos que giram em torno da mesma. Para tanto, buscou-se aporte teórico em Assunção (2005),Ariés (1998), ,Bowlby (1984 ), Cassorla (1988 ), Kóvacs (1998;2002 ) Kübler-Ross (1996;1998 ), dentre outros. Constatou-se, na literatura, a tristeza e a depressão como processos naturais diante da perda de alguém querido e a importância do apoio da família e dos amigos na sua superação. Contudo quando o processo de pesar se alonga e cursa com patologias, há necessidade de intervenções psicoterapêuticas.

Introdução

A vida e a morte coexistem no espaço do corpo desde a concepção e os contrários tornam-se um só em um diálogo em que nunca desaparecerão. Assim, o início e o fim, os segundos e o nada, os opostos e os contrários falam à natureza humana, habitando o corpo com o paradoxo da vida e da morte.
Morte e morrer são palavras que as pessoas costumam evitar dizer e duas questões sobre as quais a maioria de nós procura não pensar. Essa dificuldade de conviver e de trabalhar com a idéia da morte atrapalha a sua elaboração e impede que se lide com tranqüilidade com as perdas, que são naturais e ocorrem inevitavelmente ao longo da vida.
A morte faz parte da vida e é um ritual de passagem do qual não se pode esquivar, pois todo aquele que nasce um dia também morrerá. Mas apesar de se reconhecer a inevitabilidade da morte ainda existe muito tabu diante deste fato e o silêncio é utilizado como um subterfúgio para melhor lidar com o acontecimento.
Este estudo teve como objetivo geral investigar na literatura as várias leituras da morte através de uma análise conformativa e mais especificadamente abordar os principais aspectos que facilitam e dificultam a elaboração do luto.
Problematiza a necessidade de um aprofundamento sobre o tema e os inúmeros questionamentos sobre os meios de minimizar a angústia e o medo que envolve o homem diante da morte, da infância à velhice, percorrendo através de um breve histórico a abordagem dos aspectos psicológicos que giram em torno da mesma. Para tanto, buscou-se aporte teórico em Ariés (1989), Assunção (2005) Bowlby (1984), Cassorla (1998), Kóvacs, (1998; 2002), Kübler-Ross (1996/1998), dentre outros.  

A Morte e o Homem: um breve histórico

O homem sempre viveu sob o impacto da morte. No século XIV, por exemplo, a “peste negra” que determinou graves perturbações econômicas, sociais e psicológicas, caracterizou a visão catastrófica da morte que atormentava e angustiava a sociedade. A morte era prematura, infligia tormento insuportável e tornava o homem um objeto repugnante para si e para o outro. Adultos e crianças sabiam que logo morreriam e o indivíduo arcava sozinho com a fúria da “morte negra”, pois a defesa tecnológica era insuficiente, os procedimentos médicos eram inúteis e o controle, os ajustamentos sociais, a religião e a magia tampouco ajudavam. A morte, portanto, era inevitável.
Vale dizer que a esta época não havia promessa de gloriosa imortalidade e a morte era vista como terror e fonte de castigo. A expectativa de vida era limitada, havia maior proximidade física com a morte e sensação de pouco ou nenhum controle sobre a natureza.
Assim, a morte, embora temida, era considerada natural durante a idade média, passando a ser ocultada a partir do século XIV. Se na antiguidade o homem jamais perdia de vista a idéia de que iria morrer, mais tarde adota a mentira sistemática ou o silêncio, como forma de afastar do cotidiano a morte inevitável.
O século XIX caracterizou-se por uma preocupação interessante, por parte das mulheres e dos clérigos, em fazer com que as crianças mortas fossem imaginadas vivas num além parecido com uma “Terra sem Mal”, onde esperavam a reunião de toda a família. A mãe idealizava a criança morta e chegava até a servir-se dela como um anjo ou santo, perpetuando as suas formas idealizadas através de estátuas, de forma a comover violentamente a todos que as vissem.
Ariés (1989) (apud. Angerami-Camon- Org) aponta uma significativa mudança em relação ás atitudes perante a morte nas sociedades ocidentais a partir do século XX, em que cada vez mais a morte é banida do discurso cotidiano, é afastada, ocultada e temida.
Na sociedade atual, prevalece a negação da temática morte. Esta negação da existência da morte causa grandes dificuldades aos adultos em nível existencial, bem como dificulta, sobremaneira, a adequada compreensão do processo pelas crianças.  Antigamente, o velório ocorria na casa do morto, contando com a participação da família, amigos, parentes e comunidades. O velório caracterizava-se pelo momento de rever e se despedir do falecido, estimulando as emoções, trazendo-as á tona para que se baixassem as defesas diante da situação da morte.
Atualmente, em contrapartida, o velório ocorre longe das casas dos mortos e o enterro é providenciado o mais rápido possível. Em ambos, as demonstrações de pesar ou lágrimas são desencorajadas. Não raro, expressão como “o homem não chora”, “seja forte”, “foi melhor assim”, são fatores de repressão dos próprios sentimentos, principalmente em se tratando de sentimentos expressados pelo sexo masculino. No caso das mulheres enlutadas, é esperado que “cuidem” dos que ficaram, sejam eles filhos, companheiros, irmãos, genitores, enfim não se pode “chorar” o morto, pois a vida à sua volta continua e a mulher tem um “papel” fundamental na situação de bem- estar dos familiares vivos.
O significado da morte vem sendo estudado, sofrendo influências históricas e culturais ao longo do tempo. Da mesma forma, os rituais a ela relacionados variam de acordo com a história de um povo e sua cultura. O homem moderno tem procurado mecanismos que permitam o distanciamento da morte mediante cuidados com a saúde física, evitando ou se protegendo contra os riscos da morte antecipada, não se expondo a situações de muita vulnerabilidade e riscos desnecessários.
 Fugir da morte ou do enlutamento pode ser perigoso. Cassorla (1998) chama a atenção para o problema resultante do luto mal-elaborado quando o mesmo, tal qual doença contagiosa é afastado por várias gerações de uma família, o que pode trazer danos futuros aos seus membros no que tange à baixa do sistema imunológico com conseqüente aparecimento de doenças, como também colaborando com o desenvolvimento de comportamentos anti-sociais, como a criminalidade, o uso de drogas e o suicídio.
Vale ressaltar que o luto mal-elaborado também se encontra presente entre os profissionais de saúde que lidam diretamente com pacientes terminais, que tendem a não expressar seus sentimentos de tristeza, de dor e de pesar por meio do abafamento dessas sensações, em busca da eficácia de suas atividades laborais. Porém, ao camuflarem os seus sentimentos de pesar, estes profissionais podem comprometer a relação com seus pacientes pelo fato deles se apresentarem-se formais e impessoais no trato com os mesmos (KÓVACS, 1998; 2002; KÜBLER-ROSS, 1996; 1998)

A Criança Diante da Morte

De acordo com Bowlby (1984), antes que alguém possa compreender o impacto da perda e o comportamento humano a ela associado, deve-se compreender o significado do apego. Segundo ele, o sentindo básico do apego pode ser definido como o tom emocional entre as crianças e seus genitores e é evidenciado quando o bebê procura e se agarra à pessoa que dele cuida e normalmente essa pessoa é a mãe.
Na primeira fase chamada pré-apego, que acontece do nascimento até 12 semanas, o bebê se orienta por sua mãe, segue-a com os olhos. Na segunda fase, chamada de formação do apego de 12 semanas a 6 meses, o bebê se apega a uma ou mais pessoas do ambiente. Na terceira fase, conhecida como formação do apego que dura de 6 a 24 meses, a criança chora muito e demonstra outros sinais de perturbação quando separada da figura de apego ou da mãe. Já na quarta fase, que ocorre entre os 25 meses ou mais, a figura materna é vista como independente, e inicia-se um relacionamento mais complexo entre a mãe e a criança.
Na visão de Assunção (2005), a criança urbana tem muito pouco contato com a morte natural. Através da televisão ela vê, com muito maior freqüência, a morte brutal. Isto impacta negativamente a criança que cria certa repugnância por esse fenômeno natural com o qual as crianças do meio rural lidam muito melhor.
Na natureza percebe-se claramente a interação entre a vida e a morte: o dia morre para nascer à noite. A flor morre para nascer o fruto. As etapas da vida vão morrendo para dar lugar a outras que vão nascendo. E por vivenciarem no seu cotidiano a morte de uma forma tão natural, as crianças quase não a temem.
Diante do exposto, percebe-se que falar com as crianças sobre a morte, de uma maneira natural e sempre que aparecerem oportunidades para isso, é saudável e oportuno. E, quando morre alguém na família, não se deve privar a criança de participar dos ritos fúnebres, exceto quando a própria criança se recusa a fazê-lo. Mesmo nesses casos, reitera Assunção, deve-se conversar com ela, explicando-lhe o que aconteceu. Caso ela manifeste o desejo de participar, torna-se necessário conduzi-la da maneira menos traumática e mais natural possível, no caminho entre a aproximação e a despedida.
Ainda de acordo com Assunção (2005), as crianças até 5 anos de idade não reconhecem a irreversibilidade nem a universalidade da morte. Também não são capazes de distinguir a diferença entre aqueles que morreram (seres vivos) e aqueles que não morreram (por exemplo, um boneco). Portanto, querer dar-lhes explicações dentro desses conceitos será uma tarefa difícil.  Já entre 6 e 9 anos, elas compreendem  a irreversibilidade da morte e distinguem os seres humanos que morrem dos objetos que não morrem, por isso é mas fácil conversar com elas sobre a morte. Nessa idade, afirma o autor, já existe uma compreensão quase completa do que é a morte.
Assim, é necessário dizer a verdade para a criança, uma verdade que ela possa compreender e que a ajude a sentir-se apoiada em seu sofrimento, que reforce a confiança que ela tem nos adultos que a cercam, que não a abrigue a negar ou esconder os seus sentimentos, o que lhe assegurará um equilíbrio frente às situações de perda durante sua vida adulta.
Desse modo é importante que a criança perceba o quanto a dor da perda também nos afeta para que possa expressar seus próprios sentimentos, o que sugere uma oportunidade de corrigirmos algumas distorções que o egocentrismo e o pensamento mágico possam trazer. .A criança, percebendo que a vida continua e que não há necessidade de apagar o amor por aqueles que partiram nem esquecer as alegrias com eles vivenciadas, não acrescentará mais dor ao seu sofrer (ASSUNÇÃO, 2005).
Para falar com a criança sobre a morte é preciso sensibilidade para considerar os sentimentos da criança. Confrontada precocemente com a morte, especialmente com a morte de um dos pais, a criança não viverá mais no mesmo mundo de antes. Quem fica não pode apagar essas marcas, mas não precisa acrescentar outras, igualmente dolorosas.

A Morte para o Adolescente e o Adulto Jovem

Na perspectiva do desenvolvimento fisiológico, Papalia e Olds (2000) definem adolescência como um momento que se inicia por volta dos 12 anos, quando o indivíduo atinge a puberdade, e finaliza próximo aos 20 anos. Associada às mudanças físicas, se evidencia a busca por autonomia, o que resulta numa fase intensa, caracterizada por situações conflitantes e ansiogênicas, que terão influência significativa nas formas como a pessoa enfrentará os desafios futuros.
Calligaris (2000) postula que o adolescente, no seu contexto familiar, geralmente perde o olhar de amor incondicional que lhe era dado quando criança e não ganha os direitos e o reconhecimento de um adulto. Tal fato distancia o adolescente de sua família e o aproxima de grupos nos quais pode ser reconhecido como igual. Trata-se de uma época caracterizada pela vulnerabilidade, o que se traduz muitas vezes em sofrimento psíquico e em episódios de depressão, por exemplo.
Segundo Bee (1997), o final da adolescência ocorre por volta dos 20 anos, dando início ao período compreendido como “adulto jovem”. Essa etapa é descrita pela autora como o ápice do desenvolvimento físico e cognitivo. As expectativas prescritas para essa etapa giram em torno de definições profissionais, da conquista da autonomia e de relacionamentos mais estáveis, no que tange à sexualidade e à constituição da família (PAPALIA; OLDS, 2000; ERICKSON, 1976). Cabe ressaltar que essas expectativas demandam estabilidade e não consideram as descontinuidades que povoam a vida na contemporaneidade, entre elas, a morte.
Paradoxalmente, no que se refere às expectativas de vida de jovens, significativas transformações têm ocorrido, de modo que a morte deixa de ter um significado social e cultural distante do cotidiano. Cada vez mais, devido a fatores como a violência em diferentes âmbitos e a doenças infecto-contagiosas, os jovens têm se deparado com a morte. Domingos e Maluf (2003) consideram que a perda ocasionada pela morte da pessoa próxima, na maioria das vezes, provoca uma desorientação profunda na vida dos adolescentes. Assim, dependendo do vínculo criado com o falecido e da própria personalidade do jovem, podem ocorrer choque e desespero, fazendo com que este se sinta perdido. Além disso, a perda de uma pessoa próxima pode gerar no adolescente a consciência da própria mortalidade, contrapondo-se com o sentimento de invulnerabilidade comum a este período da vida.
No período pós-perda, são vivenciados processos de elaboração do luto no qual ocorrem fenômenos de enfrentamento de perdas significativas e de elaboração da dor derivada das mesmas (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 2003). O período de vivência do luto costuma ser caracterizado por diversas mudanças. Além de ter que lidar com o pesar da perda, o adolescente ou o adulto jovem passa por rupturas, descaracterizando sua condição de filho e protegido para situá-lo no campo da orfandade. (PAPALIA; OLDS, 2000).

O Idoso e a Morte

A idade avançada traz consigo a aproximação da morte. A velhice, vista por muitos como o começo do fim, aos olhos da pessoa idosa, de acordo com estudiosos do assunto, associa-se muito mais ao medo da dependência do que da morte. É necessário considerar que a velhice expõe as pessoas a muitas perdas, tanto sob o ponto de vista físico quanto emocional e social. Nesta fase a fé ou a devoção religiosa fortalece a aceitação da morte e é um recurso amenizador da solidão ou do sofrimento da perda.
Pesquisas apontam que morre bem quem viveu bem. Para Zimerman (2000), as pessoas idosas com maior dificuldade de elaboração da morte são aquelas que não conseguiram estabelecer um bom relacionamento com as pessoas em vida, o que sugere uma reflexão sobre a avaliação dos afetos e sua importância no devir.

O Processo de Luto

Segundo Kastenbaum e Aisembesrg (1983), a morte sempre existiu, mas nem sempre teve representações nítidas em nossas mentes. Portanto, precisamos morrer, até porque iremos ajudar a perpetuar a espécie que se nutre da morte de seus indivíduos para se preservar.
 O processo de luto ocorre quando perdemos alguém muito próximo. A maioria das pessoas enlutadas é capaz de com o tempo, e com a ajuda da família e amigos, de reconciliar-se com sua perda e retomar as suas atividades normais. Para outras, no entanto, é indicado ajuda psicoterapêutica.
Para Worden (1998), é essencial que a pessoa enlutada realize quatro tarefas básicas, antes que o processo de luto possa ser completado. Segundo ele, tarefas de luto não elaboradas podem prejudicar o crescimento e desenvolvimento futuros. Diz que essas tarefas não precisam ser necessariamente seguidas, em ordem especifica, mas ele sugere a seguinte ordem:
I – Aceitar a realidade da perda;
II – Elaborar a dor da perda;
III – Ajustar-se a um ambiente onde está faltando a pessoa que faleceu;
IV – Reposicionar, em termos emocionais, a pessoa que faleceu e continuar a vida.
De acordo com Freud (1913, p.65) “o luto tem uma tarefa física que precisa cumprir: a sua missão é deslocar os desejos e lembranças da pessoa que faleceu”. Assim, como a criança passa por etapas para seu desenvolvimento saudável as etapas do luto também precisam ser vivenciadas para que não ocorram traumas ou danos futuros.
A tanatóloga e psiquiatra Kübler-Ross (2004, p.561) em seu trabalho com doentes em fase terminal, verificou que na maioria dos casos os mesmos recebiam de bom grado a oportunidade de falar abertamente sobre sua condição e sabiam que estavam perto de morrerem, embora não recebessem informação sobre esse fato.
Depois de falar com 500 pacientes terminais, Kübler-Ross (1969-1970) definiu cinco estágios durante o processo de reconciliação com a morte, são eles:
I - Negação (recusa em aceitar a realidade que está acontecendo);
II - Raiva (as pessoas ficam frustradas e com raiva por estarem doentes e podem transferir sua raiva para o pessoal do hospital e para os médicos);
III - Barganha (os pacientes podem tentar negociar com médicos, os amigos ou mesmo com Deus em troca de cura, prometem, fazem doações, freqüentam igreja);
IV - Depressão – neste estágio, os pacientes apresentam sintomas clínicos de depressão, retraimento, retardo mental, perturbação do sono, desesperança e possivelmente idéia de suicídio;
V - Aceitação – neste último, os pacientes compreendem que a morte é inevitável e aceitam a universalidade da experiência. Seus sentimentos variam de humor neutro e eufórico, e em circunstâncias ideais, resolvem seus sentimentos para com a inevitabilidade da morte e conseguem falar sobre o enfrentamento do desconhecido.
Para Kübler-Ross (1998), nem todas as pessoas passam por estes estágios e algumas podem passar por eles em seqüência diferente, oscilando entre a raiva e a depressão ou podem sentir ambas ao mesmo tempo.

Aspectos Psicológicos da Perda

A perda de um ente querido é uma experiência muito difícil, pois quaisquer tristezas, sejam elas simples ou graves, impactam negativamente o psiquismo do indivíduo. As pessoas que fazem parte da nossa vida têm um significado especial, são preciosas e por mais que todos nós saibamos que um dia vamos morrer, e que a qualquer momento podemos perder alguém querido, não se pode imaginar o sofrimento e as conseqüências que esta perda pode trazer.
Sabe-se que a perda de um ente querido impõe a familiares e amigos a aceitação da morte e de sua irreversibilidade. A partir desse momento essas pessoas começam uma nova etapa de suas vidas. Conseqüentemente desfazem os laços que os uniam e reorganizam suas vidas para aprender a viver sem aquele que partiu.
Acontecem varias mudanças tanto psicológicas quanto espirituais e alterações na rotina das pessoas para sempre. De acordo com Pitta (1999) algumas características dos aspectos psicológicos são:
  • Insensibilidade e descrença: a pessoa se conforma com o que aconteceu, mas nada sente, é normal esse sentimento durar horas ou dias. A pessoa enlutada diz "eu não posso acreditar.", mostrando que a verdade dolorosa ainda não foi aceita.
  • A procura: muitas vezes a pessoa tenta encontrar com aquela que morreu indo ao cemitério, perambulando pelos cômodos da casa e outros lugares.
  • Raiva: algumas pessoas tentam responsabilizar alguém pela morte. Muitas vezes dirigem essa culpa aos profissionais da área da saúde, outras ficam furiosas com Deus e há a negação da fé.
  • Culpa: a pessoa se sente culpada pela morte do ente querido
  • A ansiedade: a pessoa fica inquieta, pois sua rotina foi quebrada.
  • Lamentação: quando a perda foi reconhecida, começa o período de lamentação.
  • Sensações corporais: é normal ouvir a voz, os passos, ver o rosto da pessoa no meio da multidão.
  • Atitudes e maneiras do falecido: a pessoa enlutada assume alguns papeis do falecido, negócios, trabalhos inacabados, etc.
  • Depressão e desespero: a pessoa se sente desamparada sem nenhum objetivo de vida, nada mais lhe importa.
Depois das características demonstradas pode-se perceber que cada pessoa reage de maneira diferente diante da situação da morte de um ente querido. Apesar de a morte ser o que temos de mais concreto em nossas vidas, Zimermam (2000, p.117) enfatiza que junto com a perda da pessoa existe o final de uma fase da vida:
As perdas são parte da vida: quando morre a mãe, morre também parte da nossa infância e adolescência; quando morre um filho, morre em nós o futuro previsto junto àquele filho, o sonho de vê-lo um profissional, pai de nossos netos, a pessoa que nos acompanharia até o fim de nossa vida.
As perdas são necessárias porque para crescer temos de perder, não só pela morte, mas também por abandono, pela desistência. Em qualquer idade, perder é difícil e doloroso, mas só através das perdas os seres humanos tornam-se plenamente desenvolvidos. Cabe salientar que as perdas incluem não apenas separações e abandonos, mas também a perda consciente ou inconsciente, de sonhos românticos, ilusões de segurança, expectativas irreais e outras. As perdas que enfrentadas ao longo da vida e das quais não se foge são basicamente duas: - Que o amor de nossos pais não é só nosso. - Que nossos pais vão nos deixar, e que nós vamos deixá-los.
Vale ressaltar que para o processo de recuperação ser facilitado é indispensável a ajuda e amizade de outras pessoas que já tenham passado por essa experiência. Os sentimentos de ansiedade e insegurança desaparecem aos poucos, dando lugar à confiança. Depois que a tristeza passa a pessoa descobre que pode retornar às suas atividades e outros interesses.

O Morrer: processo do luto antecipatório

Segundo Freud, (1999 apud Torres) “A vida, por, mas breve que seja, merecerá sempre ser vivida em toda sua plenitude. Nem a morte consegue ofuscar a validade de seus belos e inesquecíveis momentos.”
Como os membros de uma sociedade negadora da morte, carecemos de recursos para acompanhar esse estágio final da vida, sobretudo quando é uma criança que está morrendo. A morte de uma criança é um insulto, é traumática e suscita culpa. Não obstante, ”a morte não segue um horário previsível, ela escolhe seu próprio tempo e lugar” (KÜBLER-ROSS, s/d).
No câncer, a título de exemplo, quando de longa duração e sem perspectiva de cura, configura-se a fase terminal. Assim, não havendo mais recursos para deter o curso da doença e da morte, duelar com a doença somente traria mais sofrimento para o paciente e aqueles que o cercam. Neste caso, afirma Perina (1994), com o diagnóstico do câncer se conhece o mundo das doenças e com as recaídas, a incerteza do futuro e a possibilidade de ficar para sempre aprisionado no mundo subterrâneo da morte.
Feigemberg (1980) diz ser significativo o fato de a terminologia psiquiátrica e psicológica ter poucas palavras descritas para variedades de emoções e modos de reação ao morrer. A morte, na visão do autor, não é uma doença e não pode ser descrita somente em termos médicos e biológicos. Afirma ainda que, por tradição prevalece o lado biológico do morrer e da morte, e este é usualmente o ponto de referência. Mas o morrer tem um aspecto psicológico que é dominante, pois enquanto o componente biológico se torna cada vez mais uniforme – caracterizado por sintomas inespecíficos tais como fadiga e dor -, o componente psicológico se torna cada vez mais dinâmico e repleto de experiências emocionais.
O luto,como já se analisou, passa por um curso que vai de um choque inicial passando pelo desespero para chegar à recuperação e restituição, e pode se manifestar por diversos sintomas tais como choro, pertubações somáticas, pertubações do sono, reações hostis, culpa e depressão. Alem disso, em todo o luto há inevitavelmente tristeza e raiva. A família está triste porque está perdendo uma relação significativa e, de certa forma, está morrendo junto com a pessoa querida.

As Reações Psicossomáticas

O pesar nunca é limitado pela psique. Há também uma morbidez enorme originária das condições relacionadas com a tensão. Os ataques de colite ulcerativa, por exemplo, podem coincidir ou estar intimamente ligados com a perda do ente querido. De forma igual aumentam outras patologias de caráter auto-imune nas pessoas recentemente enlutadas.
Como se sabe, são características aqui as hipocondrias. Quando passageiras, fazem parte do pesar típico; mas se persistentes, indicam a necessidade de uma ajuda maior. Quando um paciente é deixado sozinho para educar uma jovem família, uma preocupação muito grande com sua saúde é uma conseqüência da ansiedade em que viverá sobre quem assumiria as tarefas se ele ou ela adoecessem. Sentir os sintomas da moléstia do falecido é um fenômeno de identificação, observado, sobretudo, no pesar crônico, ou um substituto parcial do pesar.
Não é de causar surpresa, em alguns casos, que a depressão associada ao pesar típico atinja formas mais graves. Nesses casos, pode-se chegar ao risco de suicídio. As idéias suicidas, muitas vezes, são uma manifestação do desejo de unir-se ao falecido e isto pode ser tolerado e elaborado com ajuda. Para outros pacientes, a vida realmente parece não valer à pena, ou aparecem idéias delirantes de culpa ou de malvadez. Isso deve ser levado a sério e a internação hospitalar de faz necessária, especialmente se o paciente vive sozinho.
A dor da perda, quando normal, pode ser assistida por amigos e familiares do enlutado, com a assistência necessária durante os funerais e, talvez por algumas semanas mais. Quando esta perda se configura em patologia, precisa de tratamento. As pessoas em isolamento social têm a possibilidade de um processo de pesar mais complicado, portanto necessitam de uma ajuda maior e mais prolongada.

Os Profissionais Diante da Morte

A maior parte dos profissionais da área da saúde, na sua lide cotidiana, está exposta à visão de morte mais que o restante da população, o que não os deve impedir de se preocupar e refletir sobre ela. De acordo com Pincus (1989), a morte é um acontecimento importante e deveria ser dado a estes profissionais o mesmo tempo de pesar que às outras pessoas, o que nem sempre acontece. Ao enfrentarem uma morte após outra, os profissionais da saúde podem imergir em um quadro de tristeza que pode levá-los ao estresse, provocando ora cansaço, ora atividade exagerada, cursando irritabilidade com outros problemas, o que eventualmente prejudicará sua eficiência no trabalho, podendo interferir na sua vida pessoal e familiar.

Reflexões Conclusivas

Morte e morrer são palavras que as pessoas costumam evitar dizer e duas questões sobre as quais a maioria de nós procura não pensar. Essa dificuldade de conviver e de trabalhar com a idéia da morte atrapalha a sua elaboração e impede que se lide com tranqüilidade com as perdas, que são naturais e ocorrem inevitavelmente ao longo da vida.
O luto é o sentimento de pesar ou de dor pela morte de alguém querido. O processo de luto e consternação pode ser breve e duradouro, de início súbito ou tardio, de pouca ou maior intensidade. Muitas pessoas descrevem um atordoamento como a primeira reação após a perda, que associado à negação, age como protetor que ameniza o sofrimento. No entanto, o luto é necessário para se encontrar um posterior equilíbrio e a sensação devastadora da perda requer, naturalmente, algum tempo para que possa ser processada.
A forma concreta de lidar com a morte e expressar o luto varia muito. Assim, pode ir de uma rápida superação até o extremo da obrigação de mostrar aos outros sentimentos de tristeza, dor e desespero por um longo período. Já outras pessoas permanecem enclausuradas no afastamento causado pelo pesar porque, embora solitárias e desoladas, isto as protege da tensão do ajustamento a um novo papel. Paradoxalmente é a difícil arte de sobreviver à ausência de pessoas queridas que nos torna aptos a recomeçar a vida.
Os sentimentos de ansiedade e insegurança desaparecem somente aos poucos, para dar lugar à confiança. Este processo de começar de novo pode ser facilitado com a ajuda e a amizade de outros que já tenham passado por uma experiência similar, tanto informalmente como por intermédio de uma organização.
O prolongamento do luto, quando a dor da perda se estende por muito tempo, é classificado como “luto patológico” e se caracteriza por uma melancolia duradoura, acompanhada em geral de profunda tristeza, problemas de saúde, distúrbios psíquicos e diminuição dos contatos sociais, o que exige processos de readaptação, com a ajuda de profissionais habilitados.
O tempo é visto como um poderoso aliado para o alívio da dor e sofrimento gerados pela morte de alguém querido. Os recursos internos, compreendidos pela saúde física e emocional, assim como os externos, constituídos pela rede social, são ferramentas importantes para a elaboração da perda, a despeito da dor e da tristeza. Para algumas pessoas, a descoberta de que é possível sobreviver à morte de alguém querido fortifica seu caráter descortinando-lhes novas possibilidades, o que lhes permite redirecionar a vida para novos horizontes e interesses.
Esse seria o resultado ideal, mas existem muitas complicações e obstáculos até o processo de pesar terminar, e o reconhecimento disto é importante para possíveis intervenções profissionais que aliviem um pouco do sofrimento e permitam que a morte e o enlutamento sigam seu curso natural.

AUTORES:
Claudete Cassimiro da Silva - Graduada em Psicologia pela Faculdade Santo Agostinho – Teresina-PI. Estudante do Curso de Pós-Graduação em Gestão de Sistemas de Saúde Pública apresentada a Múltipla Educação Profissional em Teresina – PI.
Orientadora Virgínia de Sá e Palis - Graduada em Licenciatura Curta em História pela Fundação Educacional de Ituiutaba-FEIT, Ituiutaba-MG - Graduada em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade do Triângulo-UNITRI, Uberlândia-MG – Especialista em Gerontologia Social pela Universidade Federal do Piauí-UFPI – Profª da Rede Particular de Ensino – Profª do Programa de Extensão Universitária para a Terceira Idade – PTIA-UFPI – Profª da UNATI – Universidade Aberta para a Terceira Idade-UESPI

REFERÊNCIAS:
BAUER, M.W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e somum manual prático. 4. ed:  Vozes, 2002.
BOSS, P. A perda ambígua. In F. Walsh & M. Mcgoldrick (Orgs.), Morte na família: Porto Alegre: Artes Médicas.
BROMBERG, M. H. P. F. (1994). Famílias enlutadas. Em M. M. M. J. Carvalho (Coord.),Introdução a psiconcologia (pp. 243-259). Campinas: Psy.
CASSORLA, R.M.S. Como Lidamos com o Morrer - Reflexões Suscitadas no Apresentar este Livro. In: Cassorla, R.M.S. (org.).Da Morte: Estudos Brasileiros. Campinas: Papirus, 1998.
D’ ASSUMPÇÃO A. E. Dizendo a Deus (como viver o luto, para superá-lo) 2 ed. Belo Horizonte: PUC Minas, 2001.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
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domingo, 25 de maio de 2014

PERDA DE UM ENTE QUERIDO



 A dor causada pela perda dos entes queridos atinge a todos nós com a mesma intensidade. É a lei da vida, a que estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única certeza absoluta no transcorrer da vida será a de que um dia morreremos. Não há como fugir a esta realidade. A morte não faz parte de nossas preocupações imediatas. Vamos levando a vida sem pensarmos que um dia morreremos, aí, quando menos esperamos, ela nos bate à porta arrebatando-nos um ser amado e então, sentimo-nos impotentes diante dela e o pensamento de que ”nunca mais a verei”, aumenta mais nossa dor. 
Algumas pessoas sentem com maior intensidade a perda do ente querido, demorando a se recuperar da dor pela partida. Principalmente, se a morte ocorreu repentinamente, de uma forma brusca, como acontece em desastres ou através da violência.  
Com a perda, vem a tristeza e a revolta. Então, vem a procura, a busca de um consolo que possa realmente acalmar e levar um pouco de tranqüilidade ao espírito, e vem a indagação que tanta angústia traz ao coração: “Onde poderá estar agora? Só queria saber se ele(a) está bem, como se sente.”. Começa, então, a procura por notícias, o afã de saber o paradeiro daquele que se foi para nunca mais, segundo a visão acanhada que se tem de “vida” e de “morte”. A possibilidade da comunicação com o ser querido leva muitas pessoas a desejarem, a todo custo, uma mensagem, uma palavra que possa proporcionar-lhes a aceitação do ocorrido ou que lhes minore a enorme saudade que sentem. A mediunidade não deve ser encarada como um dom nosso, e sim, um dom, a nós, dado por Deus, uma ferramenta de trabalho em benefício não só do próximo como do próprio médium, pois se bem utilizada é uma ponte para a evolução de nosso ser. A desencarnação requer um período de adaptação ao mundo espiritual a que o espírito se submete com a ajuda de amigos espirituais abnegados. E se ele estiver ainda no estágio de adaptação, tais comunicações poderão mostrar-se inadequadas para o momento que ele atravessa, portanto, requerendo um período bem maior para que possa realizar-se com mais eficácia. Muitas vezes, os espíritos dos entes queridos vêm nos visitar e nós não damos por isso, ou mesmo, durante o sono, nosso espírito vai se encontrar com o dele(a), vai visitá-lo, e não guardamos lembrança de nada, a não ser uma saudade, uma lembrança dele que não sabemos nem porque nos vem tão repentinamente.
Sabemos através dos ensinamentos espirituais,  que todos nós ao fecharmos nossos olhos para a vida material e nos transferirmos para a vida espiritual, ficaremos num sono, numa espécie de torpor, recebendo todo o amparo e ajuda de equipes espirituais para nos desfazermos das vibrações materiais com maior rapidez. Então, esse período para o espírito é de fundamental importância, requer daqueles que ficaram, o amparo da prece e de vibrações de amor e de que seus sofrimentos não ultrapassem aquele da saudade, sem extrapolar para a revolta com os desígnios de Deus. 
Mas, esses irmãos não ficam sozinhos nunca. É preciso que saibamos disso: os espíritos responsáveis por eles estão junto esperando que as vibrações materiais mais grosseiras se desfaçam, cuidando com todo o carinho para que eles possam se adaptar ao novo estado.
Abra o seu Coração para DEUS, apenas Ele poderá te ajudar... A saudade é grande, mas deve-se pensar que esteja onde estiver, estará bem, melhor que aqui, e ao lado de DEUS nosso Pai!!!
COM CARINHO 
  
FERNANDA ZUCCHI

Criado por Lean, Chrystian Sales
Lidar com a morte nunca é algo fácil e, não importa o quanto nos preparemos, é sempre um momento emotivo e triste. Para lhe ajudar a se preparar para a perda, seguem alguns conselhos.


  1. 1
    Assegure-se de que todos na família saibam que o ente querido partirá logo.Fazê-lo lhes permitirá dar uma despedida adequada à pessoa amada.
  2. 2
    Sente-se e converse com o seu ente querido tanto quanto possível. Se você tem arrependimentos, ou precisa dizer algo que foi guardado por anos, use esse momento para fazê-lo. Lembre-se, no entanto, que caso se trate de algo muito grande (você esteve traindo essa pessoa por 15 anos), pode ser melhor deixar isso de lado. Você não quererá causar ainda mais estresse do que o que já existe.
  3. 3
    Permita que as crianças da família visitem ao ente querido e explique-lhes o que irá acontecer em breve.
  4. 4
    Mantenha atualizados os familiares distantes a respeito da saúde de sua pessoa amada. Comunique-se por e-mail, telefone ou por uma rede social.
  5. 5
    Converse com a sua pessoa amada sobre a morte. Pergunte-lhe se sente medo. Você poderá sentir paz quando a pessoa se for, sabendo que não havia qualquer medo ou preocupação. E, ainda, se o seu ente querido se sentir preocupado, ajude-o a aceitar os seus medos e entrar em acordo com eles.
  6. 6
    Comece a fazer os preparativos para funeral e enterro. No entanto, a menos que o seu ente querido pergunte a respeito, não comente nada sobre o tema. Ele poderá pensar que você deseja “apressar as coisas”.
  7. 7
    Diga à sua pessoa amada que você sentirá sua falta e diga “Eu te amo” frequentemente. Nada é mais importante do que essas três palavras.
  8. 8
    Diga ao seu ente querido se você se sente assustado, confuso ou triste. Ele lhe poderá dizer algumas coisas que acalmarão a sua mente e lhe ajudarão a lidar com o processo.
  9. 9
    Daqui a alguns anos, poderão ser as pequenas coisas as que importam, como sua cor favorita, sua sobremesa preferida, etc. Guarde essas memórias!
  10. 10
    Tenha a certeza de dizer tudo o que deseja dizer. Quando o seu ente querido partir, ele se foi e você não o pode trazer de volta.
  11. 11
    Reúna membros da família em uma sala e converse sobre os velhos tempos com eles. Todos terão aquela memória da pessoa amada sorrindo e demonstrando contentamento, ou apenas ouvindo e lembrando-se de todos os bons momentos. Será uma memória pacífica olhar também para trás: a pessoa estava rodeada pela família, cujo amor permeava o seu redor — e o que pode ser melhor do que ter a sua família lá, quando mais precisou dela?
  12. 12
    Tome as suas direções de seu ente querido— algumas pessoas preferem conversar sobre morte, planos fúnebres, etc., enquanto outros preferem não fazê-lo. Não assuma que você sabe tudo de que eles necessitam — PERGUNTE. Esse não é o momento para adivinhações!
  13. 13
    Chorar é normal, e é melhor soltar para fora do que reprimir as emoções.Quando as lágrimas vierem, deixe-as partir.
  14. 14
    Avalie as alternativas do cuidado em casa, em um hospício, em um asilo ou em um hospital. Pergunte à pessoa amada qual alternativa lhe parece mais atraente e faça o possível para acomodar seus desejos. Lembre-se que custos e níveis de cuidado serão diferentes em cada opção e devem ser explorados em maior detalhe antes de se tomar uma decisão importante.
  • Chore com os seus filhos e converse a respeito da pessoa falecida. Demonstra às suas crianças que você nunca se esquecerá dela e que é bom chorar, expressar raiva ou sentimentos como angústia. Lembre-se que as pessoas lidam com o luto de formas diferentes.
  • Saiba que não foi culpa sua.
  • Respeite os desejos — se o filho deseja ir ao funeral ou visitar o túmulo ou não. Não se sinta ofendido e não o force a fazê-lo se não se sente confortável.
  • Guarde aquilo que for difícil de ver agora, logo após o falecimento de seu ente querido. Um par de chinelos, uma gravata, mesmo sua caneta preferida... Guarde-os até que você se sinta preparado para lidar com eles, mas mantenha sua memória viva com você.
  • Se você planeja plantar um jardim ou árvore em seu quintal, como memória de sua pessoa amada, diga a ela antes que ela parta.
  • Você pode fazer um livro de memórias de seu ente querido, especialmente para crianças pequenas, com fotos, textos, objetos de recordação, frases que ele sempre dizia, receitas especiais, etc. para sempre manter sua memória viva.
  • Não diga que a pessoa foi embora ou está dormindo. Isso pode fazer com que seus filhos tenham medo de ir para a cama ou fazê-los pensar que ela saiu para uma caminhada ou viajou de férias, sendo que eles não foram. Nunca minta, pois fazê-lo ou se utilizar de muitos eufemismos pode causar ressentimentos ou desconfiança por parte de seus filhos. Sempre seja honesto — a honestidade é sempre a melhor política (mas converse de acordo com a idade).
  • Ame-os com todo o seu coração e faça-os saber disso.
  • Não negligencie os outros. Lembre-se que eles estão passando pelo mesmo processo que você. Invista tempo com seus amigos e sua família e expresse os seus sentimentos para um animal de estimação ou amigo próximo. Ouça aos outros quando recorrerem a você. Todos têm o direito de se abrir; especialmente em uma crise emocional como o processo de morte. Vá para um parque ou jantar ou apenas saia com alguns amigos e parentes e relaxe por um momento.
  • Seja honesto com seus filhos e netos, mas use respostas apropriadas à idade deles. Por exemplo, o seu neto é muito jovem e pergunta “como o vovô morreu?” Você poderia dizer que “o vovô tinha um probleminha na cabeça dele, e não melhorava, e aí o corpo do vovô parou de funcionar, e ele morreu e está descansando agora em um lugar muito especial”. Quando a criança tiver idade suficiente para entender, você pode dizer que aquele probleminha era, na verdade, um tumor cerebral, e o nome do lugar especial onde ele descansa (você pode dizer a ela onde o túmulo se encontra) e como o vovô lhe amava.
  • Não diga que a criança é mórbida — nunca fale coisas como essa! Se ela perguntar o que acontece depois que uma pessoa morre, seja honesto e diga que o corpo é enterrado e, então, passa por um processo chamado decomposição, em que o corpo apodrece e se transforma em um esqueleto. Se a criança perguntar o que é a cremação, você pode dizer que o corpo é queimado de uma forma especial em um calor muito alto, até se transformar em cinzas.
  • Não trate a morte levianamente; não tente empolgar as pessoas caçoando delas.
  • Não critique aqueles que choram ou demonstram seu luto ou aquele que está doente. Isso é muito desrespeitoso. Esse é um tempo solene. Demonstre respeito.
  • Não converse demais. Tente ser receptivo às necessidades da pessoa. Às vezes, uma pessoa próxima à morte não deseja conversar ou mesmo escutar aos outros conversando. Apenas esteja lá para ela, em um silêncio mútuo. Esse pode ser um tempo muito espiritual.

Sobre o medo da Morte

Sobre o medo da morte


:: Silvia Malamud :: 
Desde o início dos tempos, a questão da morte e da finitude muitas vezes acaba por alterar a tranqüilidade e o prazer de existir, freqüentemente sendo substituída por fluxos de pavor e mesmo de desorganização psíquica.
As perguntas que ficam em relação ao tema permeiam questões sobre o desconhecido, sobre a própria finitude, sobre a razão da vida, sobre o que é transcendente.

Ao longo de nossas vidas, inúmeras são as vezes na qual vivenciamos ciclos emocionais repetitivos. Isso se deve ao fato de que "lá", quando ainda éramos crianças e com os recursos e conhecimentos limitados que pode ter uma criança, entendíamos que nos manifestando com determinados padrões de comportamento na certa seria o melhor para sobrevivermos a situações conflitantes.

Ocorre que com o desenvolvimento que vem através da linha do tempo e com as novas oportunidades que a vida nos oferece, gradativamente podemos perceber que o que foi entendido pela nossa criança daquele tempo, pode ser totalmente redimensionado, abrindo espaço para novos conhecimentos sobre nós mesmos, bem como sobre as nossas relações para com a vida. Infelizmente, porém, não é sempre que este tipo de transformação saudável acontece.

Infinitas são as vezes quando caminhamos rumo a novas experiências, porém ainda fixados em referências antigas que de nada nos servem para as dinâmicas das nossas atualidades individuais e únicas. Talvez por questões traumáticas, pelo medo excessivo ou pelo grau de fixação de prazer distorcido, advindo de respostas da infância, torna-se possível a indefinida perpetuação numa situação de realidade onde já não há mais validade alguma para a atual consciência evoluída. Neste sentido, existe uma emergência silenciosa de se sair desta espécie de bolha.

Note que ao nos perpetuarmos neste ciclo vicioso, sem que percebamos, acabamos por interromper a plena vivência de aspectos fundamentais das nossas existências. Por consequência, grande parte da energia que possuímos fica represada de modo circular, gerando um tipo de hipnotismo que literalmente impede o mergulho numa realidade mais profunda do existir.

Por vezes, num engano atroz e por medo do desconhecido que representa sair da "bolha" e de se atirar no mundo da realidade, pessoas e mais pessoas acabam por se perpetuar nas mesmas questões emocionais, vagueando como sonâmbulas, mudando os cenários vivenciais, mas não as questões emocionais envolvidas; permanecendo num local em que nada se recicla.
É exatamente nesta situação que a vida não acontece.

O medo de morrer, neste sentido, ocorre quando a pessoa sente que ficou em dívida consigo mesma, com a sua própria vida. Deixando de lidar com o mundo da realidade, com as alegrias e com as frustrações inerentes a todo aquele que efetivamente está vivo.

Quem deixa de vivenciar aspectos fundamentais de sua própria vida, pode ter um medo da morte cristalizado. É freqüente a pessoa saber que tem uma conta a pagar a si mesma e, quer seja pela falta de coragem ou pela falta de iniciativa, sente que não aconteceu a renovação do que já estaria morto.

A grande questão é a de se nutrir de coragem e por vezes pedir auxílio quando se fica mais consciente deste processo de sair da bolha conhecida que se manteve anos a fio selada em meio a um montante de ilusões, sonhos de realização, idealizações e medos.

Nesta situação, para que efetivamente ocorra uma ruptura e, por conseqüência, uma transformação de vida, o "Eu" deve estar suficientemente fortalecido para que se possa comandar com total força transformadora toda essa mudança paradigmática.

Observem que a questão da morte, da finitude, é um assunto que sempre interessa. Os sentimentos envolvidos podem ocorrer em um rompimento afetivo, na perda de um animal de estimação, de pessoas próximas e mesmo no vislumbre da nossa própria morte. É lógico que o processo de desligamento seja muitas vezes complicado. Existem inúmeras questões envolvidas. Aqui, falo da plenitude da vida para que possamos de algum modo alcançar o que nos espera na condição de humanos que somos de modo mais autoconsciente e lúcido.

Tendo a absoluta certeza de que as nossas existências estão validadas! 

E, para finalizar, como ocorre no efeito bolha, voltamos ao tema...
Imagine um ator que não queira abandonar um papel no qual esteja atuando e o personagem acabe assumindo o controle sobre o ator (consciência encarnada), para esse personagem seria a morte. Penso que romper a "bolha" faça parte do caminho da nossa iluminação. Esse tipo de passagem nem sempre é simples ou fácil a princípio... Depois que se toma consciência da dimensão do drama/bolha em que se está inserido é que efetivamente começa-se a sair dele.
É quando nos tornamos incorruptíveis no caminho de volta, pelo fato da autoconsciência adquirida. Na seqüência, nos encaminhamos a perceber que essas mesmas dimensões/bolhas se tornarão apenas imagens, depois memórias distantes e, logo após, alcançamos o status de se ficar totalmente desidentificados com o antigo lugar. É neste momento que a vida começa por ficar totalmente dinamizada de outro modo.

Nesse palco terreno, todos somos protagonistas, elegemos os antagonistas com os quais lutaremos e, nessa épica luta individual, almejamos sair vitoriosos e por vezes a vitória consiste em apenas abandonar um ciclo que se repetia e que não levava a lugar nenhum.
Penso que a vida deveria ser encarada mais esportivamente, aprendendo a dar valor tanto às derrotas quanto às vitórias.

Esse tema sobre vidas não vividas também é muito oportuno, porque vejo isso o tempo todo em muitas pessoas, sendo que essa cobrança sobre sonhos e projetos não realizados é muito comum. Também vejo pessoas que, para fugir dessa frustração, dizem viver só o momento presente, abrem mão de projetos e sonhos para não ter que enfrentar possíveis derrotas.
A filosofia poderia ser: "Deixe a vida me levar, mas que eu tenha o leme em minhas mãos".

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O MOMENTO DA MORTE

Drauzio Varella

A morte acontece num instante arbitrário que depende da cultura e da tecnologia disponível. Definir um momento exato para a ocorrência da morte não é conceito indiscutível, mas preocupação característica da cultura ocidental.
Os funerais gregos e egípcios, por exemplo, sugerem que a morte seria uma fase de transição, jamais um instante definido como a imaginamos nós. Na civilização cristã, a idéia de transição foi substituída pela imagem do último suspiro de Jesus Cristo martirizado na cruz, símbolo máximo da passagem deste mundo para outro melhor.
Por milhões de anos, foi fácil para os médicos diagnosticar morte: bastava verificar se o doente respirava. Mortos estariam os ineptos a essa função fisiológica essencial, a única da qual o corpo humano não pode prescindir por mais do que uns poucos minutos.
De fato, privado de oxigênio por quatro ou cinco minutos, nosso cérebro costuma sofrer danos irreversíveis. Mas outros órgãos são bem mais resistentes à anóxia. O coração é um deles – capaz de bater por muitos minutos depois que a última molécula de oxigênio fugiu dos pulmões e até fora do corpo quando retirado cirurgicamente.
Estabelecer critérios para caracterizar a morte se tornou necessário a partir do aparecimento dos primeiros aparelhos de ventilação mecânica, que permitiram manter vivas pessoas incapazes de respirar por conta própria. Essa necessidade se tornou mais premente com o advento dos transplantes de órgãos na década de 1960.
Discuto essas ideias menos por pretensões filosóficas do que motivado pela leitura de um artigo de E. Wijdicks, neurologista da Mayo Clinic, “O Diagnóstico de Morte Cerebral”. O autor resume a evolução dos critérios adotados para o diagnóstico de morte cerebral a partir de 1959, quando Mollaret e Goulon introduziram o termo “coma dépassé” — o coma irreversível.
Os dois médicos franceses caracterizaram essa condição com base no estudo de 23 pacientes em coma que haviam perdido a consciência, todos os reflexos do tronco cerebral e a capacidade de respirar sem aparelhos e que apresentavam eletroencefalogramas em linha reta, característicos da ausência de ondas cerebrais.
Reavaliações dos critérios de morte cerebral foram mais tarde realizadas por um comitê da Universidade Harvard (1968) e por uma conferência do Medical Royal Colleges (1976), da Inglaterra. Ficou, então, estabelecido o consenso de que a morte deveria ser definida como “a perda completa e irreversível das funções do tronco cerebral”. A definição considerava o tronco como o epicentro das funções cerebrais humanas, porque sem ele o organismo perde a capacidade cognitiva e a possibilidade de fazer movimentos voluntários ou reagir a estímulos do ambiente. Sem atividade no tronco cerebral, a vida humana podia ser considerada extinta.
Mesmo na ausência de um tronco cerebral em funcionamento, o coração continua a repetir suas sístoles e diástoles, garantindo acesso de oxigênio ao resto do organismo para as atividades inerentes à vida vegetativa.
Em 1995, a Academia Americana de Neurologia conduziu uma revisão a respeito das dificuldades para diagnosticar a morte e adotou os seguintes princípios: “A declaração de morte cerebral requer não apenas uma série de testes neurológicos cuidadosos, mas também o esclarecimento das causas do coma, a certeza de sua irreversibilidade, a resolução de qualquer dúvida em relação aos sinais neurológicos clínicos, o reconhecimento de possíveis fatores conflitantes, a interpretação dos achados de neuroimagem e a realização dos exames laboratoriais necessários”.
Da diversidade de resistência à falta de oxigênio que os diferentes tecidos do organismo apresentam, resulta que a morte é fenômeno de alta complexidade. Não está restrita aos limites do último suspiro, como o cinema e a arte dramática nos fizeram crer. Não apenas o coração continua a bater dentro do peito, mas as unhas e os cabelos crescem, as células do revestimento interno do aparelho digestivo e da pele ainda se multiplicam e muitos hormônios, enzimas e proteínas são produzidos por minutos e até horas depois do instante que se convencionou chamar de morte.
Essa definição de morte, baseada na ausência de atividade do tronco cerebral, é prática, porém arbitrária. Pode até ser interpretada de forma contraditória. Por exemplo, aceitamos que um garoto de 18 anos atropelado seja doador de órgãos ao demonstrarmos que seu tronco cerebral está inativo, mas ficamos chocados quando uma gravidez é interrompida voluntariamente na oitava semana, fase em que não existe a menor chance de atividade cerebral coordenada no embrião.
Com a descoberta dos aparelhos de ventilação pulmonar, o conceito de morte evoluiu do último suspiro para uma hierarquia de valores na qual certas atividades do sistema nervoso central valem mais do que todas as outras do organismo. São atividades essenciais para caracterizar a condição humana. Na ausência delas, admitimos extinta a vida, mesmo que os outros órgãos continuem saudáveis.
Ao considerar a morte como passagem, os gregos e os egípcios talvez não fossem tão ingênuos