segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Como a Criança Imagina ser a Morte?

Ainda assim, há uma certa tendência dos pais em "esconder" da criança esta ocorrência natural da vida. Segundo a psicóloga carioca Fernanda Roche, é preciso que os pais compreendam que, ainda que desejem, não conseguirão manter as dificuldades da vida afastadas de seus filhos. "Para protegê-los, no entanto, será preciso prepará-los adequadamente para tomar contato com essas ocorrências. Infelizmente, o fato de evitar falar sobre a morte não a deixará longe de nós. Evitar falar de sofrimento não o afasta, apenas impede que ele seja elaborado pela criança", salienta Fernanda.
Um aspecto importante sobre o tema, segundo a psicóloga, é a questão das fantasias que a criança faz a respeito da morte. Todo indivíduo - a partir da ciência e ou de crenças religiosas -, tem uma maneira particular de compreender, com maior ou menor dificuldade, o que leva uma pessoa à morte. A criança, autocentrada, tem a tendência a acreditar que tudo o que acontece gira ao seu redor. Assim, acredita que, de alguma forma, os sentimentos negativos que possa ter tido com relação a seu parente próximo em dado momento pode tê-lo aniquilado, ou ainda, que ela não teria se comportado da forma que deveria, causando-lhe a morte. "Fantasia infantil bastante comum é a de que o parente vai voltar um dia", cita Fernanda. Segundo ela, a criança pequena não tem noção de finitude, trazida pela realidade. Para ela, a vida é regida segundo o princípio do prazer. Assim, torna-se difícil para a criança compreender que uma situação de morte de um ente querido seja definitiva. A psicóloga faz um alerta: ?Ainda que a realidade tenha sido imposta à criança cedo demais, pode ser muito perigoso deixá-la acreditar que seu parente irá retornar para a vida. Estas crenças, se não forem devidamente esclarecidas, podem trazer sérios prejuízos ao desenvolvimento emocional da criança.? Para abordar o assunto - recomenda a psicóloga -, os pais podem utilizar filmes infantis, clássicos como Bambi, O Rei Leão, ambos da Disney, ou Em Busca do Vale Encantado. ?Os livros de histórias infantis também falam da morte de várias maneiras e há, inclusive, algumas obras dirigidas especificamente para estes momentos. A própria brincadeira não dirigida, com bonecos que formem uma família, costuma dar a chance da criança se expressar a este respeito?, detalha Fernanda.
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Qual é o Papel do Cemitério e do Funeral no Processo de Luto ?

Competência e conhecimento são, sem dúvida, valiosas ferramentas no dia-a-dia de quem trabalha com a morte e no contato com os familiares enlutados.

I - O Cemitério

No texto anterior, vimos que, dentre algumas competências necessárias para aqueles que trabalham com a morte, é essencial compreender as manifestações de um processo de luto, principalmente nos estágios iniciais.

Competência e conhecimento são, sem dúvida, valiosas ferramentas no dia-a-dia de quem trabalha com a morte e no contato com os familiares enlutados. É preciso atendê-los bem em suas necessidades, uma vez que eles se encontram num estado emocional atípico, de alta fragilidade e com características próprias.

Neste artigo, gostaríamos de refletir com vocês sobre uma questão que julgamos importante e circunstancial neste momento de interlocução com quem trabalha em cemitérios e funerárias, independentemente da função exercida, e que dificilmente veremos ser tratada com a devida importância em meios de comunicação comuns ou, até mesmo, em artigos especializados.

Vimos, anteriormente, que na nossa cultura a morte sempre foi negada e escamoteada, assim, tudo que a ela esteja relacionada - no caso em questão o cemitério e o funeral - se torna motivo de isolamento e afastamento. O cemitério sempre foi representado pelo censo comum como um lugar de pavor e de muito medo, basta ver a expressão de surpresa no rosto das pessoas quando ouvem alguém dizer que trabalha em um cemitério ou em uma funerária. Contudo, é indispensável, para quem exerce alguma atividade neste espaço, incorporar outros significados que permitam justificar o mérito e a grandeza deste oficio.

Qual é o papel do Cemitério no processo de luto?

É importante, neste momento, resgatar um outro olhar do que é um cemitério e qual a sua importância na VIDA das pessoas que ficam. Vejam que destacamos a palavra vida, porque ela também faz parte do trabalho daqueles que atuam no segmento funerário.
Para compreendermos melhor esta questão, será necessário fazer uma outra pergunta: o que é um cemitério? Segundo o dicionário Aurélio, cemitério é o lugar onde se enterra e guarda os mortos.

Ressaltamos na definição do Aurélio o trecho "guarda os mortos", porque observamos, ao lidar com os enlutados, que o cemitério guarda muito mais do que corpos mortos. O cemitério guarda, na verdade, maridos amados, filhos queridos, mães fortes, amigos fiéis, namorados apaixonados, guarda as histórias vividas por aquelas pessoas enterradas. É um lugar que, embora seja marcado pela tristeza, guarda lembranças de momentos felizes também.

Para cada família, o jazigo é como se fosse um lugar sagrado e cheio de simbolismos que só os familiares podem traduzir. Por isso,é imprescindível, para uma interação adequada com os visitantes no cemitério, que os sepultadores e o pessoal de campo possam compreender o imenso significado que o jazigo tem e toda a diversidade de manifestações dos enlutados que variam de cultura para cultura e de família para família.

Desta forma, podemos perceber com mais clareza porque muitos familiares se enfurecem quando vêem o jazigo sujo ou qualquer outra ocorrência, pois para eles não interessam se o cemitério tem mil outros jazigos, aquele que guarda seu ente querido é o mais importante. È possível também compreender melhor alguns pedidos "estranhos" feitos pelos familiares, que, aparentemente, não têm nenhuma correlação com a realidade, como por exemplo: pedir para colocar uma lanterna junto ao caixão do filho que tinha medo do escuro.

Nossa prática com famílias enlutadas nos mostra que as pessoas, mesmo as que não vão ao cemitério com freqüência, pensam muito em como estará seu parente naquele lugar. Em dias de chuva ou frio é comum, principalmente em sepultamentos recentes, que os enlutados se preocupem com o fato do ente perdido estar sentindo frio ou sendo molhado pela chuva. Estes questionamentos podem parecer de crianças, mas são também interrogações dos adultos.

Se o cemitério guarda corpos que se decompõe com o tempo, não podemos nos esquecer que ele é o cenário de vínculos familiares que nunca vão se decompor ou desaparecer.

Para a sociedade em geral, o termo cemitério é pejorativo e vem associado a significados fantasiosos. No entanto, para todos que trabalham no segmento funerário, o termo cemitério precisa ser resignificado, devendo ser agregado a ele o valor que tem para as famílias enlutadas como "o lugar que guarda quem eu amei".

Nossa intenção deve ser sempre a de favorecer a qualidade do atendimento aos clientes enlutados. Sabemos que o cuidado na abordagem, a atenção e escuta das solicitações feitas poderão ser melhor encaminhadas a partir do entendimento da amplitude que o significado do cemitério tem para os familiares.

Esperamos que este texto venha contribuir para desmistificar a idéia de cemitério como um lugar de medo e de morte, e que, paralelamente, possa fortalecer a identidade profissional de todos aqueles que escolheram por opção trabalhar neste lugar.

É preciso reconhecer, para alcançarmos uma equipe cada vez mais envolvida em um atendimento ético e humanizada, que o cemitério e o funeral têm o importante papel de permitir que o processo de luto se efetive da melhor forma possível.

Fiquem Atentos: que no próximo mês, trataremos do significado do funeral para o processo de luto.


Fonte: Ana Lúcia Naletto e Lélia Faleiros Oliveira são psicólogas do Centro Maiêutica e desenvolvem trabalhos na área de luto em cemitérios, crematórios e funerárias. www.centromaieutica.com.br

Como Contar a uma Criança que um Parente Próximo Faleceu?

Mas essa incidência não está ligada, necessariamente, à facilidade em lidar com a ocorrência. Na dor da perda, muitas vezes, torna-se difícil para a família refletir sobre a melhor maneira de apresentá-la à criança.
De acordo com a psicóloga carioca Fernanda Roche, a morte deve ser comunicada pelos pais à criança em conversas despretensiosas. ?Costumo orientar os pais para que introduzam o tema nas conversas com a criança, antes mesmo que aconteça algum falecimento na própria família?, afirma a psicóloga, salientando que, se for cronologicamente possível, o tema deve aparecer em conversas sobre animais, flores ou pessoas. ?A criança deve ser esclarecida, nos limites da sua curiosidade?, salienta. Muitas vezes a criança surpreende os pais ou familiares, trazendo o assunto da morte. Nesse momento muitos pais desconversam, tentando ganhar algum tempo para procurar saber o que responder ou como fazê-lo. É neste instante que o tema se transforma num tabu. ?A criança percebe que o adulto teve dificuldades para respondê-la e, por medo de desagradar, acaba por desistir de interrogar aquela pessoa, fechando um canal de comunicação importante?, alerta Fernanda, acrescentando que a criança vai tirar sua dúvidas com outra pessoa mais acessível, talvez não tão bem informada ou com uma visão de morte diferente daquela que os pais gostariam de transmitir. A criança deve ser informada sobre a morte na medida de sua curiosidade. Não será necessário explicações longas ou elaboradas, pois o importante é que a criança possa reconhecer, entre seus familiares, uma fonte segura de informações para as suas dúvidas. ?É essencial que a criança possa arrumar a morte em sua cabecinha no lugar adequado", finaliza.
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