Obras de arte nas necrópoles
O Projeto Arte Tumular foi idealizado para apresentar aos paulistanos os cemitérios antigos de São Paulo, aqueles que ainda conservam acervos artísticos e históricos provenientes de épocas em que São Paulo era uma cidade muito diferente da São Paulo que conhecemos hoje. Os cemitérios, tal como muitos casarões, teatros, linhas férreas e monumentos construídos em meados do século XIX e início do XX , são testemunhas da história social da Paulicéia de antanho.
Naquele tempo a cultura do café, então chamado ouro-verde, proporcionava vida opulenta a famílias que aqui se instalavam, vindas do interior do Estado e também de outros países em busca de novas possibilidades de trabalho ou para ampliação dos negócios e de suas fortunas.
Era o momento da Belle Époque paulistana e o ideal de vida da elite; era a imitação dos hábitos parisienses, de forma que o afrancesamento e a europeização da arquitetura, moda, festas, convenções e também dos sepultamentos e ornamento dos túmulos conferiam à sociedade paulistana o ar cosmopolita, moderno e intelectual esmeradamente almejado.
Os cemitérios, então chamados "campos santos", em meados do século XIX já substituíam as igrejas na prática de sepultamentos.
Os cemitérios, então chamados "campos santos", em meados do século XIX já substituíam as igrejas na prática de sepultamentos.
O fim dos sepultamentos nas igrejas
A prática de sepultamentos em igrejas era muito contestada por sanitaristas e médicos na secunda década de 1820. Influenciados pelas idéias positivistas e pelo iluminismo estes homens de letras e números como Líbero Badaró foram importantes colaboradores no debate acalorado em São Paulo, neste período, defendendo o fim dos sepultamentos nas igrejas por considerarem esta pratica insalubre e nociva à saúde pública.
A prática de sepultamentos em igrejas era muito contestada por sanitaristas e médicos na secunda década de 1820. Influenciados pelas idéias positivistas e pelo iluminismo estes homens de letras e números como Líbero Badaró foram importantes colaboradores no debate acalorado em São Paulo, neste período, defendendo o fim dos sepultamentos nas igrejas por considerarem esta pratica insalubre e nociva à saúde pública.
Por este motivo, em 1856 a Assembléia Legislativa Providencial de São Paulo aprovou o Primeiro Regulamento para os cemitérios da cidade de São Paulo. Esta medida provocou inúmeros protestos entre os praticantes do cristianismo que já tinham incorporado a tradição do sepultamento nas igrejas. Apesar dos protestos, o regulamento passou a ser seguido.
Assim surgiu em agosto de 1858 o Cemitério Municipal, depois chamado Cemitério da Consolação. Sua localização, nos arrabaldes da cidade era condição essencial para garantia de salubridade da área urbana então restrita á região que nos dias de hoje corresponde ao centro velho - ruas Quinze de Novembro, Direita e São Bento.
Perfil dos sepultados
No cemitério da Consolação, em seus primeiros anos, eram sepultadas pessoas de todas as classes sociais: escravos, agregados, senhores de escravos, homens livres abastados e pobres, estrangeiros. Após a virada do século, o perfil dos sepultados passou a mudar, assim como modificavam-se os hábitos da população, principalmente da elite afortunada.
No cemitério da Consolação, em seus primeiros anos, eram sepultadas pessoas de todas as classes sociais: escravos, agregados, senhores de escravos, homens livres abastados e pobres, estrangeiros. Após a virada do século, o perfil dos sepultados passou a mudar, assim como modificavam-se os hábitos da população, principalmente da elite afortunada.
Aquele que realizou em vida atividades de relevância para a sociedade deveria ter uma morada à altura de sua importância social. Por este motivo as famílias e os amigos, a partir da primeira década do século XX, contratavam construtores e escultores de renome, em sua maioria de origem italiana ou com formação na Europa, como Victor Brecheret, Luigi Brizzolara, Galileo Emendabili, entre outros, para construírem e ornamentarem os túmulos das ilustres personalidades.
Esses túmulos ricamente ornamentados ou mesmo despojados testemunham importantes fatos da história social de São Paulo e do Brasil. Trazem a nosso conhecimento representantes da vida política e cultural, seus feitos e a repercussão na cidade.
Da mesma forma temos nas necrópoles antigas muitas informações que inevitavelmente provocam a reflexão sobre a construção da cidade, dos novos hábitos da comunidade paulistana, suas complexidades e disparidades verificadas hoje.
Para terminar, lembramos que os amantes das artes plásticas, da história, da política, da música, das artes cênicas, da literatura e do turismo encontrarão nas necrópoles antigas muitas surpresas e motivos para deslumbramento. Tal como ocorre em muitas cidades do mundo, esperamos que esta iniciativa possa contribuir para a cultura de nossa cidade e oferecer novas opções de entretenimento.
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